domingo, 21 de setembro de 2008

Poema (quase) Romântico

Poema (quase) Romântico

enquanto minha barriga cresce
de cerveja e televisão
você só assiste novela
e não me deixa ver o timão
nem parece a mocinha
que um dia me disse não
quando andava de bicicleta
pra ir comprar pão
e derrapava sem jeito
no meio de um areião
de manhã não conversamos
de noite é só discussão
mas reparando suas rugas
me vem uma recordação
de quando éramos quase felizes
morando num barracão
o sol irritava seus olhos
e aquecia meu coração
da chuva vinha a enxurrada
que enlameava o nosso chão
você ficava doida de raiva
e eu ria de montão
as telhas com teia de aranha
e um vazamento sem solução
que você pedia pra eu consertar
e eu era só negação
minha calça encardida
e a gordura do nosso fogão
que você não limpava
e eu brigava com satisfação
hoje brigamos juntos
e não há reparação
uma vez até tentamos
viver em separação
mas a distância não deu certo
e voltamos ao mesmo colchão
você não topa quando eu quero
quando você quer eu digo não
e vamos brigar juntos
até dentro do nosso caixão
este é o eterno destino
de nossa grande paixão

João Pedro Strabelli

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